Comportamento Alimentar da Família e seu Impacto na Alimentação do Bebê

A introdução alimentar é um marco importante no desenvolvimento do bebê. É um momento de descobertas, sabores e texturas, mas também pode ser desafiador para muitos pais. O que poucos percebem é que o comportamento alimentar da família tem um impacto direto na aceitação e na recusa dos alimentos pelo bebê, além de influenciar o risco de seletividade alimentar no futuro.

O Bebê Aprende Observando

Desde os primeiros meses de vida, o bebê observa atentamente os pais e cuidadores. Esse aprendizado por observação, chamado de modelagem, é fundamental no processo de introdução alimentar. Se a família tem o hábito de comer juntos, com refeições equilibradas e uma relação saudável com os alimentos, o bebê tende a seguir esse padrão. Por outro lado, se há resistência a certos alimentos ou refeições apressadas e desorganizadas, a criança pode desenvolver comportamentos semelhantes.

A aceitação alimentar está diretamente ligada à exposição e à experiência positiva com os alimentos. Bebês que veem os pais consumindo frutas, verduras e legumes com prazer têm mais chances de aceitar esses alimentos sem resistência. Já a recusa alimentar pode ser reforçada involuntariamente pelos adultos. Expressões de nojo, insistência excessiva ou recompensas para “limpar o prato” podem gerar uma relação negativa com a comida e isso significa um adulto com questões alimentares pois foi criado lá na infância uma relação ruim desde recusa exagerada, seletividade grave ou até compulsão alimentar.

Outro ponto importante é a repetição. Muitos pais desistem de oferecer um alimento após duas ou três recusas, mas estudos mostram que pode ser necessário expor a criança ao mesmo alimento até 10-15 vezes para que ela o aceite. A paciência e a persistência dos pais fazem toda a diferença nesse processo. O fato de achar que a criança não gosta faz com que naturalmente a alimentação da criança vá ficando restrita!

O Risco da Seletividade Alimentar

A seletividade alimentar, quando a criança passa a aceitar apenas alguns alimentos e recusa vários outros, pode ser influenciada por fatores genéticos, sensoriais e emocionais. No entanto, o ambiente familiar tem um papel crucial na prevenção e no manejo desse comportamento.

Crianças que crescem em um ambiente onde a alimentação é variada, sem pressões ou barganhas, tendem a desenvolver uma relação mais flexível e equilibrada com a comida. Já aquelas que percebem o ato de comer como um momento de estresse ou negociação (“só ganha sobremesa se comer tudo” ou “ só desce da mesa quando raspar o prato” ou deixar a criança chorar e se incomodar no cadeirão, ou forçar a criança colocando a colher na boca sem que ela veja com grandes quantidades podem desenvolver resistência maior a novos alimentos e ao comer de modo geral.

Como Construir um Comportamento Alimentar Saudável na Família

  1. Comer Juntos Sempre que possível: O bebê se sente mais seguro e motivado ao ver os pais e irmãos comendo os mesmos alimentos.
  2. Evitar Pressões e Chantagens: A refeição deve ser um momento tranquilo. Ofereça os alimentos sem forçar a aceitação.
  3. Dar o Exemplo: Se os pais comem de maneira equilibrada e apreciam alimentos variados, o bebê terá mais chances de seguir esse padrão.
  4. Oferecer Diversidade Desde Cedo: Quanto mais cedo a criança for exposta a diferentes sabores e texturas, menor a chance de seletividade no futuro.
  5. Criar um Ambiente Positivo: Evite distrações como TV ou celular durante as refeições e valorize o ato de comer de forma prazeirosa.

 

A introdução alimentar vai muito além do que está no prato. O ambiente, o comportamento dos pais e a forma como a alimentação é conduzida impactam diretamente o desenvolvimento dos hábitos alimentares do bebê. Criar um ambiente positivo e respeitoso nesse período pode ser determinante para uma alimentação saudável ao longo da vida.

 

Abraço.

Foto de nayara dorta

nayara dorta

Pediatra especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria, Hematologia e Hemoterapia Pediátrica e Mestrado em Pediatria pela UNIFESP, experiência acadêmica com alunos de medicina e residentes de pediatria com mais de 10 anos de atuação exclusivamente com crianças e no último ano vivendo na prática toda a teoria sendo mãe do Joaquim.

Deixe um comentário

Inscreva-se para receber mais posts:

Mais Posts:

O Papel do at escolar

Quem é o Assistente Terapêutico – AT? Comumente conhecido por AT, o Assistente Terapêutico é um profissional que vem mostrando cada vez mais sua relevância

CINPSI