A avaliação neuropsicológica (ANP)é um instrumento essencial para compreender o
funcionamento cognitivo de um indivíduo. Seja para conhecer melhor o perfil cognitivo,
medir o impacto de uma intervenção, evolução de uma condição, ou realizar um
diagnóstico diferencial, trata-se de uma ferramenta valiosa para profissionais da saúde.
No entanto, é fundamental compreender seus objetivos e limitações.
Trata-se de um processo detalhado que investiga habilidades
cognitivas, emocionais e comportamentais por meio de testes padronizados e
observação clínica correlacionando com queixas e história de vida e familiar. Seu objetivo
principal é compreender a dinâmica do funcionamento cerebral e como ele influencia o
comportamento e o aprendizado.
É importante ressaltar que a avaliação neuropsicológica não é uma ferramenta preditiva
para diagnóstico. A grande maioria dos transtornos do neurodesenvolvimento e
transtornos psiquiátricos são diagnosticados por meio de uma avaliação clínica realizada
por um profissional capacitado. O diagnóstico clínico é feito com base na coleta da
história de desenvolvimento, na análise das queixas apresentadas e na observação
clínica. Porém existem casos mais duvidosos que vale a pena abrir mão dessa solução
para favorecer o diagnóstico, pois ela dará muitas pistas sobre a intervenção não
farmacológica
Quando a avaliação neuropsicológica é necessária?
A avaliação neuropsicológica pode ser indicada em diversas situações, sendo algumas
das principais:
1. Conhecer o perfil cognitivo
Compreender o funcionamento cognitivo de um indivíduo é essencial para definir
estratégias de ensino e intervenções terapêuticas mais eficazes. Crianças, adolescentes
e adultos podem se beneficiar desse processo para identificar pontos fortes e áreas que
necessitam de suporte. No esporte de alto rendimento ela tem sido contemplada como
meio de compreender o perfil do atleta e suas necessidades de desenvolvimento,
2. Medir desfechos de intervenção
Ao longo de um tratamento, a avaliação neuropsicológica pode ser utilizada para
mensurar a evolução do paciente e a eficácia das estratégias aplicadas. Esse
acompanhamento é fundamental para ajustes no plano terapêutico.
3. Diagnóstico diferencial
Quando há incerteza sobre um diagnóstico, a avaliação neuropsicológica pode oferecer
informações cruciais. Transtornos do neurodesenvolvimento, condições psiquiátricas e
alterações neurológicas podem apresentar sintomas semelhantes, tornando essencial
uma investigação aprofundada.
Limitações da avaliação neuropsicológica
Nem todos os pacientes conseguem realizar todas as tarefas propostas durante a
avaliação. Em casos mais graves, como em quadros de transtornos do
neurodesenvolvimento severos ou doenças neurológicas, algumas tarefas podem ser
inviáveis. No entanto, essa limitação também é um dado valioso para o diagnóstico e
prognóstico, ajudando a definir condutas futuras.
Quem pode encaminhar para avaliação neuropsicológica?
Muitos profissionais da saúde podem solicitar uma avaliação neuropsicológica,
incluindo:
• Médicos sendo que psiquiatras, neurologistas ou geriatras, pediatras são a maior
fonte encaminhadora;
• Psicólogos;
• Fonoaudiólogos;
• Psicopedagogos;
• Terapeutas ocupacionais;
• Escolas;
• Treinadores
O encaminhamento adequado deve conter informações detalhadas sobre o motivo da
solicitação, incluindo hipótese diagnóstica (HD) e, se possível, o código CID
correspondente se for caso de apoio diagnóstico. Isso auxilia o neuropsicólogo na
geração de hipóteses e assim seleção dos testes mais adequados e na condução da
avaliação.
A ANP é um processo desgastante para o avaliado pois ele será colocado a prova a todo
instante com as tarefas e testes, muito custosa para o profissional que deve ficar atento a
todos os detalhes, e por todos esses detalhes trata-se de um instrumento com alto valor
agregado. No nosso país poucas pessoas podem ter acesso a esse tipo de auxílio
diagnóstico.
A avaliação neuropsicológica é, portanto, uma ferramenta poderosa para entender o
funcionamento cognitivo, medir os resultados de intervenções e auxiliar no diagnóstico
diferencial. Apesar de não ser preditiva em diagnósticos, sua aplicação em casos de
dúvidas diagnósticas é essencial para um atendimento mais preciso e individualizado.
Profissionais da saúde devem conhecer suas indicações e limitações para um
encaminhamento eficiente e bem fundamentado. Compreender inclusive as limitações
financeiras do paciente e o quanto essa será útil na vida daquela pessoa ou família.
Dessa forma, garantimos que os pacientes tenham acesso a um cuidado mais qualificado
e baseado em evidências.
Abraços.