A ansiedade é frequentemente percebida como uma vilã, algo que devemos eliminar de nossas vidas. Mas, na verdade, ela é uma aliada essencial! Vamos explorar como a ansiedade é uma resposta natural e protetora do nosso organismo, fundamentada nas neurociências.
O Que é a Ansiedade?
Para compreender o sentimento de ansiedade, precisamos antes entender o que são as emoções. Emoções são reações fisiológicas inconscientes, que provocam diversas alterações nos sistemas nervoso e endócrino.
O sentimento, por outro lado, é o momento em que tomamos consciência dessas emoções, processando-as no córtex cerebral e manipulando-as com pensamentos. Quando estamos ansiosos, as alterações corporais que experimentamos são similares às que sentimos quando temos medo.
O medo é reconhecido como uma emoção primária, enquanto a ansiedade pode ser descrita como a consciência do medo, combinada com pensamentos sobre possíveis perigos e estratégias para evitá-los. Assim, a ansiedade é um sentimento que nos prepara para agir, movendo-nos em direção à solução de problemas ou à prevenção de situações de risco.
Como Ela Nos Protege no Dia a Dia?
Imagine um motorista que percebe a luz de freio do carro à sua frente. O aumento imediato da frequência cardíaca, a tensão muscular e o foco redobrado são efeitos do medo. Ao pensar: “Esta situação é perigosa; talvez seja bom ligar o pisca-alerta”, ele está agindo sob a influência da ansiedade. Nesse caso, a ansiedade antecipa o risco de um acidente e direciona o motorista a adotar estratégias para minimizar o perigo.
O Que Acontece no Corpo e no Cérebro de Uma Pessoa Ansiosa?
Quando sentimos ansiedade, nosso corpo entra em um estado de alerta, desencadeando alterações significativas nos sistemas nervoso e endócrino. Essas mudanças incluem:
- Ativação do Sistema Nervoso Simpático:
- A frequência cardíaca aumenta, bombeando mais sangue para os músculos e o cérebro.
- As pupilas se dilatam, melhorando a visão.
- A respiração se torna mais rápida, fornecendo oxigênio adicional ao corpo.
- Os músculos ficam tensos, preparando o corpo para uma reação de “luta ou fuga”.
- Liberação de Hormônios do Estresse:
- O hipotálamo sinaliza às glândulas adrenais para liberar cortisol e adrenalina.
- Esses hormônios aumentam os níveis de energia, elevam a pressão arterial e suprimem funções não essenciais, como digestão e sistema imunológico, priorizando a resposta ao estresse.
- Atuação do Córtex Cerebral:
- Quando ocorrem alterações no córtex é quando realmente a ansiedade entrou em ação. Os passos acima são do medo. Nesse momento a as sessões se convertem em preocupação, auxiliando na elaboração de estratégias para ressorver o conteúdo da preocupação.
- O córtex pré-frontal dorsal está envolvido no planejamento de ações e na regulação das emoções, enquanto o córtex pré-frontal ventromedial ajuda a avaliar a intensidade do risco percebido.
- Lembranças sobre o problema, possíveis desfechos podem começar a surgir como uma maneira de buscar a melhor solução.
Ansiedade: Uma Ferramenta Valiosa
Você provavelmente já se beneficiou da ansiedade ao se preparar para uma prova, ao organizar uma reunião importante ou ao participar de uma entrevista de emprego. Eu mesma me beneficiei dela para criar este texto!
A ansiedade é uma ferramenta emocional e cognitiva crucial para enfrentarmos ameaças iminentes e resolvermos problemas. No entanto, quando se torna crônica, pode gerar impactos negativos, como fadiga, problemas digestivos, distúrbios do sono e outros.
Por isso, é essencial reconhecermos seu papel protetor, mas também buscarmos equilíbrio, prevenindo que ela ultrapasse limites saudáveis.
Referências
- Barlow, D. H. (2002). Anxiety and its disorders: The nature and treatment of anxiety and panic (2nd ed.). Guilford Press.
- Damasio, A. R. (1994). Descartes’ error: Emotion, reason, and the human brain. HarperCollins.
- LeDoux, J. E. (1996). The emotional brain: The mysterious underpinnings of emotional life. Simon & Schuster