Conviver com o transtorno bipolar não é simples. Para quem vive com o diagnóstico — e também para familiares e pessoas próximas — entender a complexidade da condição é essencial. Isso porque o transtorno bipolar não afeta apenas o humor. Ele interfere na forma como a pessoa percebe o mundo, lida com suas emoções, toma decisões e se relaciona com os outros.
Entender para cuidar melhor
O primeiro passo para um tratamento eficaz é o conhecimento. Saber o que é o transtorno bipolar, quais são os sintomas de cada fase (mania, hipomania, depressão) e identificar os gatilhos emocionais, físicos ou ambientais ajuda não só a prevenir recaídas, mas também a lidar com as crises de forma mais leve e segura.
Essa consciência não deve estar apenas com os profissionais. É fundamental que o próprio paciente e sua rede de apoio também compreendam o funcionamento do transtorno, participando ativamente do processo terapêutico.
A importância da psicoterapia
Embora os medicamentos sejam muito importantes para regular o humor e evitar os episódios mais intensos, eles não dão conta de tudo sozinhos. Muitos pacientes relatam dificuldades mesmo durante os períodos de estabilidade: conflitos nos relacionamentos, baixa autoestima, culpa por atitudes cometidas nas fases de mania, ou um medo constante de voltar a se sentir mal.
É aí que entra a psicoterapia, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), reconhecida cientificamente como uma das abordagens mais eficazes no cuidado do transtorno bipolar. A TCC ajuda o paciente a:
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Identificar padrões de pensamento e comportamento que contribuem para as oscilações de humor;
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Monitorar sinais precoces de recaída;
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Desenvolver estratégias para lidar com o estresse;
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Aprender a organizar uma rotina saudável e sustentável;
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Reforçar a adesão ao tratamento medicamentoso.
Mais do que tratar sintomas, a psicoterapia ajuda a construir sentido, autonomia e qualidade de vida.
Viver bem é possível
O tratamento do transtorno bipolar é um processo contínuo, que precisa de tempo, paciência e cuidado. Mas com o suporte certo — psiquiátrico, psicológico e familiar — é possível alcançar estabilidade e viver com mais leveza. Tenho muitos paciente com alta, alguns morro de orgulho vendo a distância como estão bem, apesar do diagnóstico. É como a própria Organização Mundial da Saúde prega: Saúde vai além da ausencia de doença!
Mais do que controlar o transtorno, o objetivo é viver bem com ele. E isso começa com o entendimento, o acolhimento e a parceria entre o paciente, os profissionais de saúde e as pessoas que o cercam.
Referências
Tavares, D. F. (2017). Depressão e transtorno bipolar: Causas, diagnóstico e tratamento (2ª ed.). MG Editora.
Tavares, D. F. (2019). Aprendendo a viver com o transtorno bipolar. MG Editora.
Silva, U. P., Silveira, F. M., Azevedo, L. M. S., Farias, W., Rodrigues, M. A. C., & Lopes, G. C. D. (2024). Colaboração da terapia cognitivo-comportamental no tratamento de Transtorno Afetivo Bipolar. Revista Cognitionis, 7(2), e423. https://doi.org/10.38087/2595.8801.423