O Papel do at escolar

Quem é o Assistente Terapêutico – AT?

Comumente conhecido por AT, o Assistente Terapêutico é um profissional que vem mostrando cada vez mais sua relevância no mercado de saúde mental. Esse profissional atua na linha de frente na intervenção com crianças e adolescentes que apresentem, seja por qualquer motivo, um atraso significativo no desenvolvimento, prejudicando seu desempenho nas funções diárias. Ao falarmos especificamente do AT escolar, estamos nos referindo ao profissional Acompanhante Terapêutico que entra dentro da escola do paciente, para dar suporte e realizar as estimulações necessárias dentro daquele ambiente, fatalmente garantindo inclusão para o aluno, a partir do momento em que realiza ajustes e comunica necessidades que precisam ser atendidas para auxiliar a criança. Juntamente a esse papel, o AT deve orientar a equipe pedagógica e a família para que, juntos, desempenhem um papel em equipe para o melhor desenvolvimento do indivíduo. O surgimento do Acompanhamento Terapêutico no Brasil, data dos anos 60/70 e sofre as influências político-ideológicas da reforma psiquiátrica e a tentativa de supressão dos manicômios na Europa Ocidental e Estados Unidos.

O que faz um Assistente Terapêutico – at?

O papel do at escolar está nos mais diversos contextos, um dos mais chamativos para a presença do AT em sua necessidade é a escola. É lá onde ocorrem grande parte das interações sociais da vida da criança, bem como algumas demandas que exigem maior autonomia e expressiva necessidade de comportamento adaptativo para cada situação.
Nesse contexto, o papel do Assistente Terapêutico, vem para dar suporte e trabalhar de uma maneira terapêutica as habilidades em atraso do paciente. Estimulando-as em contexto naturalista, possibilitando uma intervenção mais assertiva. Dentre as intervenções que realizamos, destacam-se:

•Estímulos de cunho sensorial (sempre em consenso com a Terapeuta Ocupacional responsável pelo caso, realizamos atividades que estimulem cada sistema sensorial e habilitem a parte ocupacional do paciente).
•Estímulos para a parte fonoaudiológica (de acordo com as orientações passadas pelo fonoaudiólogo responsável pelo caso, uma série de estímulos para o desenvolvimento das competências necessárias para a fala são aplicados).
•Estímulos psicopedagógicos (no caso de pacientes que realizam o acompanhamento psicopedagógico, é comum coletarmos informações e instruções com esse profissional, dando sequência aos estímulos no ambiente escolar. Porém, em casos onde o paciente não conta com esse acompanhamento, trabalhamos juntamente ao professor responsável para adaptação do material escolar, objetivando que nosso aprendiz tenha uma melhor compreensão e aproveitamento do conteúdo.
•Estímulos psicoterapêuticos: como grande parte dos profissionais Assistentes Terapêuticos são psicólogos ou estudantes de psicologia, faz-se necessário que estejamos sempre em contato com a psicóloga do nosso aluno, que normalmente é quem fornece as supervisões para orientação do AT.
•Ainda em casos de estrita seletividade alimentar, torna-se necessário o acompanhamento junto a um nutricionista especialista nesta demanda (ou
fonoaudiólogo, dependendo da demanda), para que, juntos, a parte nutricional possa ser estimulada.

Como citado acima, o papel do A.T escolar é junto à equipe multidisciplinar do caso, estendendo a terapia para além dos 50 minutos no consultório. Por isso, supervisões frequentes são sempre realizadas em conjunto para melhor alinhamento e estruturação de um plano de tratamento adequado. Tais supervisões podem ocorrer com todos os profissionais da equipe multidisciplinar de maneira individual, para que o AT seja orientado de acordo a cada demanda que cada especialista trabalha, uma vez que esse profissional configura sua atuação como uma extensão das terapias em consultório.

Quem pode ser at?

Como a Assistência Terapêutica não é uma profissão regulamentada ainda, qualquer pessoa que seja capacitada na área de Análise do Comportamento pode atender pacientes com essa demanda. No entanto, deixamos a ressalva para quem esteja procurando por um profissional adequado, que busque preferencialmente por estudantes de psicologia e ou psicólogos formados, haja vista que majoritariamente a base do nosso trabalho é realizada utilizando a ciência comportamental para guiar nosso aprendiz. Barretto (1998) esclarece que essa atividade era exercida por estudantes de psicologia, de ciências sociais e de medicina. Porém, com o tempo e o aumento pela procura do serviço, cada vez mais pessoas foram ingressando na área, ampliando a gama de profissionais que exercem a profissão.

A escola pode negar a entrada do AT para acompanhamento do aluno?

Não, a escola não pode recusar a entrada do Acompanhante Terapêutico (AT) na sala de aula, caso haja indicação médica. Tal inclusão faz valer a Lei 12.764/12 e a Lei 13.146/15 que garantem os recursos necessários na escola para inclusão dos alunos com deficiência.
É correto dizer que, o profissional da Assistência Terapêutica é um daqueles, senão aquele que mais está na linha de frente do caso, atuando nas interfaces da vida do aprendiz de maneira mais incisiva, durante a maior parte do tempo. Por isso, a constante capacitação teórica e prática do profissional é indispensável e faz parte da profissão pois, dessa forma, garantimos de maneira ética, respeitosa e eficiente, maiores chances de evolução para cada aluno.
Na escola, então, não é diferente. O profissional auxilia na garantia da inclusão de cada paciente portador de deficiência, bem como realiza as intervenções com estímulos adequados para a evolução e aquisição de novas habilidades.

 

Referências

Lima, P., Souza, T., Souza, L., et al. (2020). A importância da prática pedagógica inclusiva no atendimento a crianças com autismo. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas Comportamentais, 14(3), 253-262. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbtcc/v14n3/v14n3a02.pdf

Equipe Instituto Singular. (2023). Autismo na escola: o papel do acompanhante terapêutico. Instituto Singular. Recuperado de https://institutosingular.org/blog/autismo-na-escola/

Foto de Letícia Martins

Letícia Martins

Olá! Prazer. Me chamo Letícia. Atualmente sou estudante de Psicologia pela Universidade São Judas Tadeu, e me encontro na reta final da graduação, além de trabalhar como Assistente Terapêutica Infanto Juvenil. Analista do Comportamento formada pela ABAcessível e Terapeuta Cognitivo Comportamental formada pela Fernanda Landeiro, dedico meus estudos primordialmente a parte de Neurodesenvolvimento Infantil e seus transtornos, haja vista que é majoritariamente a base de meu trabalho. Além das formações mais robustas em ABA e TCC, também possuo experiência robusta em atendimentos no Modelo Denver de Intervenção Precoce (ESDM), utilizando preceitos da famosa “ABA Naturalista” para a intervenção dos pequenos. Minha paixão pela Psicologia se dá na crença de que um trabalho bem embasado na ciência realmente muda a vida de crianças, adolescentes e suas famílias. Por isso, procuro me dedicar ao máximo para o melhor desenvolvimento de meus pacientes, e orientação das famílias que me procuram para auxiliar esse processo. Neste espaço, busco partilhar mais sobre minhas experiências profissionais e trazer conteúdo científico e de qualidade de uma maneira simples, leve e descomplicada a respeito da profissão de AT e seus desdobramentos. Vamos juntos nessa jornada!

Deixe um comentário

Inscreva-se para receber mais posts:

Mais Posts:

CINPSI